Eu sonhei… Que no princípio fui criada assim como todas as criaturas e vivíamos juntos. E todas as criaturas foram se desenvolvendo e crescendo.
Quem era da água, o peixe-espada, nadava e cortava os mares com maestria. Saltava e mergulhava. Seguia em linha reta com surpreendente precisão.
Quem era do ar, a arara, subia leve ao céu com seu cântico doce, agudo. Coloria o céu com gentileza e alegria.
Quem era da terra, eu, caminhava entre bosques, dançava com amigos, subia e descia montanhas na ânsia de descobrir a razão de todas as coisas, de conhecer a Divindade, o Todo.
Então foi marcado um encontro. Era como um Clube de Campo. Um local que permitisse o convívio entre quem era da água, do ar e da terra, assim como no princípio... Eu tive medo, pois parecia tão selvagem, perigoso, assustador.
Entrei na água confiante de que estava a um passo de descobrir. Um amigo me chamou a atenção quanto ao jacaré. Subi novamente em terra firme e pude ver ao longe o peixe-espada cortar o mar tão objetivo... Tínhamos nadado juntos novamente... Admirei e senti uma pontada no peito por poder lembrar de quando nadávamos juntos...
Nesse momento desce da árvore, interessada e receosa, para um galho mais próximo de mim, e se mostra a arara. Tão perto e colorida. Tive temor, porque talvez ela me bicasse, talvez não se lembrasse de mim. Talvez também ela tivesse medo que eu pudesse ferir.
Estiquei os dedos em direção a ave e ela abriu as asas como um abraço. Eu toquei suas penas, plumas leves e delicadas, aconchegantes... Levantei os olhos e pude ver os olhos da arara que também podiam me ver. Eu entendi!
Senti um não sei o quê... Será o Amor de Criança?... a Beleza da Criação?... a Pureza do Sentimento?... a Doçura da Conexão?... a Plenitude de Ser?... E eu acordei!
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