sábado, 18 de junho de 2011

Sonho

         Eu sonhei… Que no princípio fui criada assim como todas as criaturas e vivíamos juntos. E todas as criaturas foram se desenvolvendo e crescendo.
Quem era da água, o peixe-espada, nadava e cortava os mares com maestria. Saltava e mergulhava. Seguia em linha reta com surpreendente precisão.


         Quem era do ar, a arara, subia leve ao céu com seu cântico doce, agudo. Coloria o céu com gentileza e alegria.


         Quem era da terra, eu, caminhava entre bosques, dançava com amigos, subia e descia montanhas na ânsia de descobrir a razão de todas as coisas, de conhecer a Divindade, o Todo.


         Então foi marcado um encontro. Era como um Clube de Campo. Um local que permitisse o convívio entre quem era da água, do ar e da terra, assim como no princípio... Eu tive medo, pois parecia tão selvagem, perigoso, assustador.
         Entrei na água confiante de que estava a um passo de descobrir. Um amigo me chamou a atenção quanto ao jacaré. Subi novamente em terra firme e pude ver ao longe o peixe-espada cortar o mar tão objetivo... Tínhamos nadado juntos novamente... Admirei e senti uma pontada no peito por poder lembrar de quando nadávamos juntos...
         Nesse momento desce da árvore, interessada e receosa, para um galho mais próximo de mim, e se mostra a arara. Tão perto e colorida. Tive temor, porque talvez ela me bicasse, talvez não se lembrasse de mim. Talvez também ela tivesse medo que eu pudesse ferir.


         Estiquei os dedos em direção a ave e ela abriu as asas como um abraço. Eu toquei suas penas, plumas leves e delicadas, aconchegantes... Levantei os olhos e pude ver os olhos da arara que também podiam me ver. Eu entendi!


         Senti um não sei o quê... Será o Amor de Criança?... a Beleza da Criação?... a Pureza do Sentimento?... a Doçura da Conexão?... a Plenitude de Ser?... E eu acordei!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Inverno em mim



Descobri que gosto do frio por causa do calor… Prefiro o tempo frio, mas sou friorenta... Adoro o céu nublado com aquelas gotinhas de água flutuando no ar... Gosto do céu de inverno bem azul, e o pôr-do-sol avermelhado. Mas o que eu mais gosto de sentir no inverno é o calor... Gosto de esquentar as mãos no vapor da água que está fervendo no fogão... Gosto de casaco bem quentinho e muitos lenços e cachecóis; elegante é a roupa de inverno... Gosto de um monte de cobertas e de ter preguiça para levantar e apagar a luz depois de ler alguns capítulos do livro favorito do momento... Gosto da casa quentinha e quando olhar pela janela ver uma camada branca em cima das folhas das árvores... Gosto de deitar na varanda e esquentar no sol até sentir a roupa queimando...


Bom, mas se eu gosto do calor, porque não prefiro o verão? Não gosto! Não gosto de biquíni e ficar tostando no sol pra cair na piscina. Não gosto de tempo abafado! Não gosto de suor. Não gosto de carro quente quando chego correndo e de ter que queimar as mãos no volante... Não gosto nem de café que queima a língua!

Eu gosto da falta do calor e do quanto o pouco dele é suficiente para gerar prazer. O excesso é ruim. Mas uma pitada é o suficiente. A falta! 

Gostar da falta de... Isso me faz pensar em muitas coisas dentro de mim! A falta, que desperta o desejo... O vazio! O espaço a ser preenchido, o movimento em direção a necessidade reconhecida... Talvez seja essa uma das razões das estações do ano. Talvez seja essa a razão do dia e da noite... Talvez seja essa uma possibilidade da razão de um planeta Terra... Talvez, talvez seja essa minha razão para resposta da pergunta “Onde estou?”