domingo, 3 de junho de 2012

Diálogos pertinentes



Esta é uma época muito interessante para observar o comportamento dos humanos nesse mundão aí! Junho é a época das festas juninas, e com elas as apresentações das crianças nas escolas. E é isso que a gente vê: o egoísmo transbordando e passando em cima de todo mundo! Podemos chegar à conclusão que cada pai e mãe acreditam realmente que seu filhinho é o mais importante de todos. Eles têm que chegar primeiro, e com todos pensando assim, fica aquela confusão na entrada! A escola que deveria ser um lugar de exemplo, de educação, vira um verdadeiro caos, uns esbarrando-se nos outros, puxando suas crianças sem considerar outras menores que estão no mesmo lugar. Alguns correndo, outros parados no meio do caminho.



Mas é no momento da apresentação das crianças que você tem certeza: por acreditar que seu filho é o mais importante e ele ter que provar que é o melhor pai ou mãe, os pais perdem o respeito e fazem manifestações e exibições do seu egoísmo sem limite. Todos de pé, ultrapassando os limites estabelecidos pela própria escola, que tem por objetivo manter o espaço disponível para as crianças dançarem. Eles querem tanto ver seu filho, que impedem o outro pai ou mãe de ver o outro filhinho querido. Será que eles não veem seus filhos com tanta frequência? E assim, se acotovelam, e levantam o braço mais alto ainda, com câmeras e filmadoras a postos! “E cada mergulho é um flash!” Haja memória para armazenar tantas e tantas fotos... Por que será que fazem isso? Será que esse momento é a única oportunidade que os pais têm para registrar os movimentos de seus filhos? Sempre tão ocupados em seus trabalhos, pretendendo ganhar mais e mais, pais e mães tentam compensar sua falta com exageros.
E fiquei pensando, qual deve ser a minha conduta? Eu prefiro estacionar meu carro em um local seguro para que meu filho possa descer do carro sem o risco de uma avenida movimentada. Caminho com ele até a porta de entrada ressaltando a importância de observar tudo ao seu redor, e ter cuidado com os menores... E com os maiores também, senão eles pisam em você! "Então dê espaço meu filho!" A gente demora mais, mas é melhor mais um tempinho junto... Claro que eu levo minha câmera, e também tiro fotos. Mas a gente prefere se divertir antes. E foi assim: passamos a manhã passeando com nosso cachorro e vendo lojas de roupas para escolher uma nova (afinal a do ano passado não serve mais, ele cresceu!). Depois, banho, camisa xadrez, cinto e tênis. O chapéu é o mesmo que ele usa no Clube de Campo para se proteger do sol. Ah que lindo! Começa o desfile para avó, avô, tias e tios, bisá e amigos... Que lindo!!!  E eis que surge o diálogo:
Filho: - Mãe, eu vou de bigode ou sem bigode?
Mãe (Eu): - Você quem sabe meu filho! “Penso que é importante ele fazer suas próprias escolhas.”
Filho: - Mas você prefere de bigode ou sem bigode?
Mãe: - Ah, meu filho... Sabe, faz parte da fantasia dessa festa! É uma representação né? Mas você quem sabe! Fica muito bom sem bigode, e de bigode também fica legal!
Filho: - Mas e você? O que acha?
Mãe pensa: “Bom, se eu vou a uma festa, costumo ir de fantasia... Ih! Fantasia... Máscaras... Quantas eu preciso? Esse assunto vai ter que ir pra análise!”
Mãe responde: Ah, o que você acha? “Melhor devolver a pergunta, né?”
Filho responde: - Eu vou de bigode, porque minha tia já me pintou... Mas ano que vem vou sem bigode!
Mãe pensa que ensina e acaba aprendendo... E a foto? Ah a foto vai ser a marca desse momento! Quanta emoção e conhecimento existem nesses momentos simples. Basta uma única foto! Daqueles olhos azuis brilhando e me questionando! 


Atenção senhores pais: dá pra usar o zoom da sua câmera! Dê um passinho para trás e experimente!


E na apresentação? Eu quero assistir, e agradeceria se eu pudesse assistir a de todas as crianças! Mas os pais estão lá, eles querem assistir e filmar e fotografar e não deixam mais ninguém ver. Sabe, eu fico assim meio agachada no meio das pessoas pra ver os pequenininhos. E os maiores, mesmo que eu veja de longe, não perco os movimentos. Espero todos se posicionarem e procuro uma brecha para meu olhar. Não vai dar pra filmar, mas já tem aquele profissional que faz essa função! Eu só preciso assistir, e prestar atenção em todos os movimentos pra depois conversar com meu filho: “- Puxa, foi muito legal! Gostei daquele movimento batendo as mãos na sola do pé! E aquela música? Bem legal! E você foi muito bem! Puxa, parabéns! Valeu tantos ensaios né?” E é isso! E isso fica registrado, guardado com aquela emoção! Emoção de estar presente de verdade! Emoção de fazer parte do dia-a-dia e dos detalhes. Emoção de ensinar e aprender. Emoção de amar e respeitar!
Escolas filosóficas de Atenas